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sábado, 14 de agosto de 2010

Mais uma feira agropecuária é realizada no sertão de Sergipe e o Sebrae marca presença oferecendo gratuitamente o que mais sabe fazer: levar conhecimento em gestão e estimular a cultura empreendedora. A "5ª Feira Agropecuária do Alto Sertão Sergipano" acontece de hoje (12) a domingo (15), no Complexo Agropecuário de Canindé do São Francisco. A abertura oficial acontece na noite desta quinta feira.

Segundo o gerente Pedro Gomes Fiscina, o Sebrae participa com o espaço do agronegócio, em uma área de 192m² com salas onde haverá capacitações, oficinas, clínica tecnológicas e palestras gerenciais. "No local, as pessoas também podem contar com o apoio dos nossos consultores, que prestarão atendimentos na área de gestão, abertura de negócio e informações sobre apicultura e criação de caprinos e ovinos", explica Fiscina.

Quem visitar o espaço do agronegócio terá acesso a oficinas orientando sobre como fazer cosméticos à base de leite de cabra, com 16 horas/aula; treinamento sobre o tema aprender a empreender, também com 16 horas de duração; além de boas práticas de produção no apiário, que será de 20 horas/aula.

A Feira é uma ação da Prefeitura de Canindé do São Francisco, com patrocínio Sebrae, apoio Banco do Nordeste, Banco do Brasil, Senar, Emdagro e Governo do Estado.

Fonte: Agência Sebrae de Notícias (2010-08-12)

terça-feira, 10 de agosto de 2010


ACONTECERÁ DE 27 A 29 DE AGOSTO É UM EVENTO QUE VEM PRIMANDO PELA ORGANIZAÇÃO. O SECRETARIO MUNICIPAL DE AGRICULTURA WALTENIS E O PRESIDENTE DA ASCCO ACERTARAM A COLABORAÇÃO DA ASCCO NA SEÇÃO DE OVINOS E CAPRINOS E CONSTARÁ DO RANKING SERGIPANO. A PREFEITURA MUNICIPAL DISTRIBUIRÁ R$ 5 MIL EM PRÊMIOS PARA OS OVINOS.

quinta-feira, 5 de agosto de 2010


Realizada na cidade de Canindé acontecerá nos dias 12 a 15 de agosto de 2010 e fará parte do ranking sergipano 2010. Haverá uma premiação para os ovinos no valor de R$ 4 mil.

As inscrições , para os ovinos, devem ser feitas na sede da ASCCO ou pelo telefone (79) 3241-7303, com D. Sara.

terça-feira, 3 de agosto de 2010

Bolsa Bode

Antônio Carlos Alves

Programa inédito oferece oportunidade a jovens. O bode é a principal vitrine deste Município. Detentora do título de "capital nacional do bode", Tejuçuoca está desenvolvendo um programa inédito no Nordeste, o Bolsa Bode




O Bode é a principal vitrine deste Município. Detentora do título de "capital nacional do Bode", Tejuçuoca está desenvolvendo um programa inédito no Nordeste, o Bolsa Bode. Os 20 jovens selecionados para fazer parte do programa já estão colhendo os primeiros frutos na revitalização de ovinos e Caprinos do semiárido.

Metade do grupo ganhou dez cabras. A outra metade, dez ovelhas, todas prenhas e que já pariram, aumentando o rebanho de todos os jovens envolvidos no projeto, que garante também apriscos e capineiras.

O auxílio mensal de R$ 100,00 ajuda a cobrir gastos com vacinas e ração. Os jovens passaram por oficinas para aprender a criar os animais. Em contrapartida, a Prefeitura irá comprar a carne e o leite produzidos pelos participantes.

"Tenho recebido elogios dos colegas prefeitos e de órgãos de governos federal e estadual. O essencial do projeto é a geração de renda, de inclusão social", comemora o prefeito de Tejuçuoca, Edilardo Eufrásio.

Resultados

Fábio Sousa Magalhães, de 19 anos, residente na localidade de Riacho das Pedras, a 10Km da sede de Tejuçuoca, não esconde a alegria de estar participando do programa. "Antes não tinha nenhum tipo de renda, trabalhava para meu pai, hoje me sinto um cidadão responsável porque vou cuidar de meu próprio negócio". Fábio já mostra com orgulho o aprisco, capineira e as crias que ajudam a aumentar o seu rebanho de ovinos. Para ele, isso irá facilitar a sua vida, porque passará a trabalhar para si próprio. "Tenho um rebanho qualificado e as vendas se tornarão mais fáceis. Minha meta é ampliar os negócios e fortalecer a cadeia produtiva na região", adianta.

Maria Edilane Barbosa Silva, 18 anos, que mora no outro lado do Riacho das Pedras já tem experiência com a criação de cabras e se mostra feliz com a inovação do programa. "Quando surgiu o programa tive interesse de continuar criando e garantir uma melhor genética em meu rebanho. Sabendo lidar com o Bode não existe problemas, basta oferecer uma boa alimentação e ele não irá sair à procura de alimento em terras alheias", diz. "O Bode é nosso orgulho e tem uma grande aceitação", fala Edilane, que já tem quatro novas crias, três machos e uma fêmea da raça caprina. "Criar um animal que tem aptidão para nossa região é ótimo".

Na cidade em que há um Bode para cada morador, a tendência é que, com a inovação do programa, o número de animais aumente ainda mais. Na opinião do presidente da Associação dos Criadores de Caprinos Leiteiros do Ceará, Manoel Ricarte, os animais com uma qualidade racial leiteira e com aptidão e adaptação na região serão peça chave para o sucesso do projeto. "Aproveitar os recursos naturais de Tejuçuoca com um complemento de ração balanceada. Esta é a receita para produzir o leite com menor custo, e assim incentivar o produtor".

A maior riqueza do Bolsa Bode será o combate à desnutrição infantil. "Será um grande componente para combater a mortalidade de crianças, apoio as gestantes e pessoas da terceira idade", observa o gerente da Empresa de Assistência Técnica e Extensão do Ceará (Ematerce), Fernando Castro.

O Bolsa Bode tem também a função de fixar homens e mulheres jovens no campo, acabando com o êxodo rural.

MAIS INFORMAÇÕES

Secretaria de Ciência e Tecnologia de Tauá
(88) 3437.3259
Prefeitura Municipal: (88) 3437.2068

Prefeitura de Tejuçuoca
(85) 3323.1158 / 3323.1146
Secretaria de Desenvolvimento Rural
(85) 3323.1273

terça-feira, 13 de julho de 2010


A Portaria 1059, publicada no final do mês de abril pelo Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA), apelidada de Leite Legal, deu uma injeção de ânimo no setor de caprinocultura de leite no Estado e vem estimulando novos investimentos por parte dos criadores. "Dos cerca de dois mil caprinocultores cadastrados em Minas Gerais, apenas cerca de 120 estão em condições de comercializar leite de cabra, devido às limitações impostas pela legislação. Mas agora, com essa conquista, esse quadro deve mudar", afirma a presidente da Associação dos Criadores de Caprinos e Ovinos de Minas Gerais (Accomig/Caprileite), Aurora Gouveia. A portaria regulamenta a utilização da pasteurização lenta no beneficiamento do leite de cabra para o consumo humano. Até então, somente era admitida a pasteurização rápida, o mesmo processo adotado para o leite de vaca, que exige alto investimento dos criadores. Para Cinthya Leite Madureira, coordenadora de Pecuária da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de Minas Gerais (Emater-MG), a medida causará impacto positivo na oferta do produto para os consumidores, com a inserção de muitos caprinocultores até então excluídos do mercado formal. Ela estima que o custo de um equipamento de pasteurização lenta sai em torno de R$ 4 mil. "Pequenos produtores poderão atuar em conjunto, para utilizar a capacidade máxima permitida, de 100 litros por dia", sugere. Um dos criadores animados com a nova portaria é Onivaldo Ramos Leão, com um capril com 35 fêmeas em Itabirito, ele já planeja adquirir outras 25 cabras este ano. Além de aumentar a oferta de leite e a renda dos produtores, ele prevê outra vantagem também para os consumidores. "O preço do queijo também poderá ficar mais acessível." No varejo, o leite de cabra é encontrado congelado, em sacos plásticos, com preços de R$ 1,90 a R$ 2,50 por litro, enquanto o queijo do tipo frescal é vendido entre R$ 15,00 e R$ 20,00 o quilo. Derivados Outra boa notícia esperada pelos produtores de caprinos e ovinos é a aprovação de uma lei que regula as condições higiênico-sanitárias da produção artesanal de leite de cabra e de ovelha e seus derivados. Projeto de Lei sobre o assunto (4004/2009) está em tramitação na Assembleia Legislativa de Minas Gerais. Atualmente, as normas vigentes são as mesmas utilizadas pela bovinocultura. "Muitas vezes os criadores de ovinos e caprinos não têm condições de entrar no mercado formal, pois a escala de produção é muito inferior, se comparada à criação de vacas. Isso inviabiliza os investimentos. Por isso, o setor precisa de uma legislação específica, adequada ao seu porte e às particularidades da atividade", explica a coordenadora de Pecuária da Emater-MG. Cinthya Leite Madureira afirma que a caprinocultura é uma atividade com bom potencial de crescimento na agricultura familiar, pois exige investimento relativamente baixo, com boa lucratividade. "As cabras não precisam de tanto espaço quanto a criação de vacas. Além disso, os criadores têm menos gastos também com alimentação dos animais e o leite e derivados têm maior valor agregado que os de vaca", compara. Diferenças nos métodos - Na pasteurização lenta, aprovada para volumes de até 100 litros de leite de cabra processados por dia, o produto, após ensacado, fica em banho maria com temperatura de 63°C a 65°C por 30 minutos, sob constante agitação. Em seguida, é resfriado rapidamente até atingir 4ºC ou menos, podendo inclusive ser congelado. - Na pasteurização rápida, exigida para o leite de vaca, o líquido, em volumes de até 500 litros por hora, passa por placas, onde atinge rapidamente temperaturas entre 72°C e 75°C, durante 15 a 20 segundos, para então ser resfriado a 4°C. No leite de vaca, não pode haver congelamento.

Fonte: 17/05/2010 - Agência Brasileira de Notícias

segunda-feira, 12 de julho de 2010

Por uma agência nacional de inovação

O Brasil hoje vive um momento especial. O País elevou seu patamar de crescimento, é fato. Mas as perspectivas de sua sustentação ainda seguem imersas em brumas. Não se trata de mais uma vez registrar o rol de conhecidos obstáculos à permanência do crescimento, mas de apontar e equacionar o desafio mais importante colocado para o País.

A economia brasileira precisa de um choque de inovação.

O necessário aumento do investimento, a melhoria da infraestrutura, a execução de uma boa gestão macroeconômica, capaz de manter domesticada a inflação, e o equacionamento no longo prazo da alta carga tributária e da dívida pública, por fundamentais que sejam, não podem turvar a visão de nossos governantes para a urgência de se promover um salto no padrão de qualidade da atividade econômica. Para isso, mais do que aumentar o investimento, é preciso melhorar o seu foco e sua qualidade, de modo a dinamizar e diversificar a economia e superar a crônica dependência brasileira do universo das commodities.

Esse é o maior desafio, que está longe de se limitar à esfera econômica. Desde o ciclo desenvolvimentista o Brasil procura repensar e modificar sua ossatura institucional, recriar sua arquitetura legal e repensar seus dispositivos políticos para se adaptar às transformações que sacudiram o mundo. O País deu passos enormes nessa direção. Mais importante ainda, caminhou rumo ao estabelecimento de um novo equilíbrio nas relações entre Estado e mercados, distante do velho desenvolvimentismo e da ortodoxia econômica que fez sucesso nos anos 90. Fato é que, sem a combinação de uma economia de mercado com um novo ativismo de Estado - sem estatismo -, dificilmente seria possível combater mazelas crônicas, como as desigualdades e a pobreza.

A sintonia entre esforço pelo crescimento e forte investimento social é a grande responsável pelo momento positivo que o País vive atualmente: ao acionar mecanismos sociais sutis, liberou energias por todos os poros da sociedade, com impacto no conjunto da economia.

Sabemos que as estratégias são mais cristalinas no papel, pois no mundo real são recheadas de ambiguidades e conflitos. Mesmo assim, é forçoso constatar que o País amadureceu e conseguiu diminuir a distância que o separa das nações mais avançadas, ainda que o caminho a percorrer seja longo.

O Brasil está hoje mais preparado para lidar com o novo lugar ocupado pelas atividades intensivas em conhecimento, que tornaram, mundialmente, os processos de reprodução da vida material, social e cultural mais complexos, dinâmicos e integrados. Essa constatação, porém, não nos leva a afirmar a inevitabilidade do sucesso. A economia está numa encruzilhada: ou as empresas evoluem, alteram seu metabolismo, dinamizam sua gestão, valorizam os recursos humanos como estratégia e buscam elevar seu padrão tecnológico e ligar-se às cadeias mundiais de alto valor agregado ou, mais uma vez, o fôlego será curto para manter o crescimento.

É essencial, por isso, que hábitos e costumes sejam alterados dentro das empresas. Mas o País só ganhará dinamismo com um esforço conjunto do setor público e do privado, capaz de envolver as universidades, o Legislativo, o Judiciário e demais instituições sociais.

A inovação no Brasil deve tornar-se regra, não exceção. Debates sobre a necessidade dessa evolução são cada vez mais frequentes e foram retomados com intensidade durante a 4.ª Conferência Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação, realizada em Brasília em maio. Mais de 4 mil participantes mostraram que a reflexão sobre os rumos do País da parcela da elite brasileira mais diretamente envolvida com a produção de ciência e tecnologia atingiu um novo patamar.

Se conseguisse potencializar inquietações desse tipo, ainda que parcialmente, o debate eleitoral ajudaria a semear o futuro. Esperança vã?

Não custa convidar os candidatos a se pronunciarem sobre a proposta de criação de uma agência nacional de inovação, ligada diretamente à Presidência da República. Essa proposta constava do documento original preparatório à conferência e também fez parte das recomendações entregues pela Confederação Nacional da Indústria aos atuais candidatos presidenciais.

Uma agência nacional com peso, recursos e legitimidade para alavancar significativamente o investimento em inovação é essencial para diminuir a pulverização de recursos, a burocracia, a morosidade da máquina pública e manter o foco de suas atenções onde é preciso.

Uma agência desse porte, criada a partir da fusão de instituições como a Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) e a Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (Abdi), por exemplo, com orçamento renovado e representatividade institucional dada pela ligação estreita com os principais planos e metas da Presidência da República, pode ajudar o País a se conectar com o futuro.

Que as esperanças por um debate de qualidade sobre os alicerces de um novo Brasil não se frustrem mais uma vez.

COORDENADOR DO OBSERVATÓRIO DE INOVAÇÃO DO INSTITUTO DE ESTUDOS AVANÇADOS DA USP, É MEMBRO DO CONSELHO NACIONAL DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA

domingo, 6 de junho de 2010

Incra burla lei e legaliza áreas invadidas

Avaliações em propriedades rurais ocupadas são proibidas, mesmo assim, instituto realizou vistorias nos últimos anos para desapropriação de terras



Um cruzamento inédito entre terras vistoriadas para desapropriação e assentamento de sem-terra e propriedades invadidas mostra que a reforma agrária do governo Luiz Inácio Lula da Silva virou um programa fora da lei.

A legislação é clara ao proibir qualquer tipo de avaliação em área rural invadida, mas o Instituto Nacional de Colonização e reforma agrária (Incra) comprovadamente realizou, nos últimos quatro anos, vistorias para desapropriar terras que estavam sob ocupação ilegal.

O cruzamento foi feito pelo Tribunal de Contas da União (TCU) depois de solicitar à ouvidoria do Incra a relação das propriedades rurais invadidas desde 2006, número de famílias envolvidas e quem comandou as invasões. O Movimento dos Sem-Terra (MST) liderou a maioria das ações e 112 mil famílias participaram das invasões.

O TCU pediu ainda a lista de áreas vistoriadas para fins de reforma agrária nos últimos quatro anos. A lei que vem sendo burlada é a 8.629/93, atualizada em 2000, no governo de Fernando Henrique Cardoso (1995-2002).

A legislação determina que imóvel rural invadido não será vistoriado, avaliado ou desapropriado nos dois anos seguintes à sua desocupação. O mapa do TCU revela dois padrões de ilegalidade nas cinco regiões do País: vistoria logo após a terra ter sido invadida e invasão tão logo a vistoria tenha começado.

Centenas de fazendas em São Paulo, Bahia, Paraná, Alagoas, Goiás, Rondônia, entre outros Estados, compõem o lista do TCU. No dia 12 de maio de 2007, por exemplo, 150 famílias do MST, segundo o Incra, invadiram a Fazenda Samambaia, no município de Wenceslau Guimarães (BA). No ano seguinte, o governo iniciou uma vistoria na área para a reforma agrária.

Em Goiás, no dia 18 de agosto de 2008, 40 famílias do MST ocuparam as terras da Fazenda Estância Flávia Cristina, em Matrinchã. O Incra iniciou a vistoria na fazenda no mesmo dia.

Propriedade militar. Até uma área do Exército foi ocupada por sem-terra em novembro de 2008 em Vilhena (RO). Um ano depois, o governo abriu processo de vistoria no local. Na cidade de Theobroma, também em Rondônia, o Incra iniciou processo de vistoria e desapropriação da Fazenda Majaru em 2007. As terras foram ocupadas um ano antes por integrantes do MST.

Duas fazendas invadidas em Dracena (SP) em junho de 2009 foram vistoriadas no mesmo ano. Em fevereiro de 2008, o MST ocupou terras numa propriedade em Aparecida D Oeste (SP) e o Incra também fiscalizou o local naquele ano.

Isso é preocupante. Mostra que o descumprimento da lei tem se tornado política de Estado, avaliou o procurador do TCU Marinus Marsico.

A possível omissão do poder público em suspender os processos expropriatórios funciona como um incentivo à adesão de novas famílias às ocupações irregulares, diz o documento entregue à presidência do TCU. O órgão analisa agora a abertura de processo para apurar possíveis ilegalidades e suspender o dinheiro público usado na reforma agrária em áreas invadidas.

domingo, 30 de maio de 2010

Wagney Azevedo Leão, de 75 anos, tem a agropecuária no DNA. Seu bisavô era agropecuarista. Seus netos cuidam agora das terras da família. O agropecuarista hoje é um herói, diz ele, ao lado de outros quatro produtores, reunidos numa tarde de terça-feira numa sala do Sindicato Rural de Uberlândia para conversar com o Estado. Suas queixas e reivindicações dirigidas ao governo federal incluem os custos altos da produção e os preços baixos dos produtos, as invasões de terras e as amarras ambientais.

Que sustentação temos hoje na Pecuária?, pergunta Wagney. Os frigoríficos e as redes de supermercados levam a parte do leão. O produtor não está levando nada. O governo deveria sustentar a política agrícola com preços. O agrônomo Maurício Bueno, de 45 anos, que presta consultoria em planejamento de crédito agrícola, explica: Os frigoríficos são poucos e põem o preço no boi.

Maurício observa que tem cinco ou seis empresas comprando boi e produzindo fertilizantes, e milhões produzindo boi. Do lado dos grãos, grandes empresas como Cargill, Bunge, Sadia e Granjeiros pagam o que querem, acrescenta José Luís da Silva, de 63 anos, que tem 360 hectares de milho e soja e cerca de 800 cabeças de gado de corte.

O governo contribuiu para essa concentração, observa Otacílio Ferreira Matos, de 52 anos, que trabalha com genética de gado Gir e Holandês: O BNDES (Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social) socou dinheiro no Friboi, e hoje só existem ele e o Independência, diz ele, referindo-se aos dois maiores frigoríficos do País. Carlos Augusto Ribeiro Franco, de 60 anos, consultor ambiental, criador de gado e de frangos, identifica nisso uma política do governo Lula: É pretensão desse governo mostrar a cara do Brasil lá fora e para isso precisa de grandes estruturas.

A concentração se reproduz nas fazendas. Há cinco, dez anos, todo mundo tinha condições de plantar 5, 10 alqueires (24 a 48 hectares), lembra o agrônomo Maurício. Hoje, ou você é produtor de 10 mil hectares ou não é nada. Com menos de 200 hectares, você não produz mais nada, e 90% (dos fazendeiros da região) têm esses pedacinhos de chão. Os produtores explicam que, ao lado dos preços baixos dos produtos, as terras têm exigido investimentos mais altos na correção do solo, assim como novas pragas têm demandado agrotóxicos caros.

Otacílio diz que a descapitalização dos pecuaristas os leva a vender as fêmeas, que atingem preço mais baixo no mercado. Segundo ele, o ideal seria vender no máximo 20% das fêmeas, mas os produtores têm vendido 45%. É um círculo vicioso, descreve: vendem as fêmeas para fazer caixa porque não têm animal acabado e com isso reduzem a sua produção.

O preço mínimo estipulado pelo governo para a saca de 60 quilos de milho, diz Wagney, é R$ 17,50. A saca está sendo vendida a R$ 13. O governo não pratica o preço mínimo, critica ele. Tem milho estocado do ano passado. Nas lavouras, plantam milho em cima da outra safra. Não compensa colher. Não tem preço.

Nos últimos anos a gente não está conseguindo ganhar dinheiro, e muitas vezes está perdendo, diz José Luís. Compramos insumos quando os preços dos grãos estão altos. Na colheita, caem os preços. E aí a dívida está feita. Maurício, que arrenda 40 hectares com feijão irrigado, acrescenta: Quando vai planejar a safra, o produtor se anima com o preço alto; quando colhe, o preço cai. Há um descasamento na renda. Junta-se isso com falta de estrutura de armazenamento e de crédito.

O consultor acha que falta uma política do governo para direcionar o plantio e o escoamento. Ou que pague para não plantar. Wagney assinala que o governo se aproveita do produtor ao impor o preço baixo dos alimentos. Para o governo é lindo, excelente.

Populismo. Ele vê populismo também na política agrária. O MST invade o Ministério da Agricultura, o Incra, as fazendas, e qual atitude o governo tem tomado?, indigna-se Wagney, que participou do Clube dos 11, embrião da União Democrática Ruralista (UDR). Estão querendo que depois que invadam a gente tem de defender? Não existe isso. Piorou muito nos últimos anos.

Uberlândia foi fundada em 1888, depois que paulistas ocuparam a região em meados do século 19. Hoje a cidade tem 600 mil habitantes. Tradicionalmente produtora de milho e gado, passou a dedicar-se também à soja e tornou-se grande polo avícola do País. A soja é exportada, enquanto o milho abastece o mercado interno de ração.

A crise econômica mundial teve impacto sobre o agronegócio a partir de abril de 2009. Agora está começando a reagir, diz Carlos Augusto, que cria 550 cabeças de gado de corte, 50 de leite e 130 mil frangos para produção de ovos, além de cultivar milho, sorgo e cana para alimentar o gado. Tende a melhorar, mas não volta ao patamar de 2007 e 2008.

Para ele, a política comercial do governo Lula foi bastante incipiente. Seu modelo de ministro da Agricultura é Marcus Vinícius Pratini de Moraes (do segundo mandato de FHC). É um grande comerciante. Abriu muitos mercados para o Brasil. Principalmente no setor de carnes, existe o Brasil antes e depois de Pratini.

Os produtores queixam-se também do Código Florestal Brasileiro, lei de 1965. Está totalmente desajustado ao processo produtivo, avalia Carlos, que é também consultor ambiental. Sistema de reserva legal só existe no Brasil. No mundo inteiro acabou. E vêm aqui polemizar para o governo impor o cumprimento.

Carlos usa um argumento bastante defendido pelos agricultores: Se (a preservação ambiental) é para o bem da coletividade, por que o produtor paga sozinho? Os agricultores acham que devem ser remunerados pela manutenção de matas em suas fazendas, como nos Estados Unidos.

Na região de Uberlândia, a reserva legal compreende 20% da propriedade; no cerrado, o índice é de 35% e na Floresta Amazônica, de 80%. A reserva soma-se às Áreas de Proteção Permanente (APPs), na beira da água e nas encostas dos morros. O assunto inflama os produtores rurais. Eles afirmam que uma fazenda cortada por um rio a inviabiliza comercialmente. Tem fazendeiro perdendo metade da fazenda, observa Otacílio. Maurício defende excluir do cálculo a área já desmatada. Desmatamento está fora de moda.

Carlos argumenta que em regiões cujas terras já foram bastante fracionadas pelas heranças sucessivas, como Uberlândia, onde segundo ele a área média é de 50 hectares, o conceito de 20% dentro de cada propriedade não faz sentido. São pequenas moitas de mata sem corredor de ligação. Que bicho vai viver em moita de 2 hectares? Não dá sustentabilidade nem para a flora nem para a fauna. Externando uma opinião também bastante comum entre os produtores rurais, Carlos continua: A quem interessa gravar 20%? Aos nossos concorrentes lá fora, que já devastaram tudo. Sabem que somos competitivos e quanto mais puderem nos atrapalhar, vão infernizar, através de ONGs financiadas por eles. O governo não reage a essa intromissão.

O consultor ambiental diz que deveria haver um zoneamento agrícola que liberasse da reserva legal regiões antropizadas (muito modificadas pelo homem), com alta vocação agrícola, como o Triângulo Mineiro e preservasse regiões de baixa vocação, como Mato Grosso.

À pergunta sobre que candidato à presidência se mostra mais sensível a todas essas questões levantadas por eles, os produtores rurais dão respostas diversas. José Luís diz que ainda é preciso estudar o perfil dos candidatos. Carlos e Wagney não têm dúvida de que o candidato com maior afinidade com os produtores é José Serra. Maurício contesta: O PSDB governou do mesmo jeito (que o PT) oito anos. Ele defende o governo Lula: O partido do qual tinham medo fez mais do que o governo Fernando Henrique Cardoso no crédito agrícola.

Insegurança. Carlos rejeita a abordagem partidária: Temos de ver daqui para a frente o indivíduo mais apropriado. Ele responsabiliza o governo pelas invasões: Que segurança jurídica temos no campo? Não adianta ter crédito sem segurança. Esse governo não traz nenhuma tranquilidade. Esses movimentos são uma praga. A fazenda vizinha à de Carlos, na região de Água Limpa, foi invadida. São massa de manobra do governo. Usam esse povo. É desumano, acusa ele. Não querem produzir. Vendem (o lote) e vão invadir outra. Ele estima que, na sua região, 90% dos assentados não são os originais: compraram de outros. Ofereceram-me dez lotes.

Wagney associa o problema a Dilma Rousseff: Conhecemos a peça muito bem. Foi guerrilheira. O passado dela não merece a confiança do setor. Maurício também se revela pessimista: Vai ser pior. Os produtores torcem para que a senadora Kátia Abreu (DEM-TO), presidente da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), não seja vice de Serra. Não porque não gostem dela. Pelo contrário: Precisamos dela aqui. No dia em que o Estado esteve no sindicato, um ônibus com 38 produtores sairia de Uberlândia rumo a Brasília, para participar do movimento Paz no Campo, liderado pela senadora.

quinta-feira, 27 de maio de 2010

Para especialistas, região deve investir em tecnologia na produção de commodities



Responsável por 40% da produção agropecuária e por parte importante da exportação agrícola do País, a Região Sul tem agora o desafio de passar ao próximo estágio: o de agregar valor à produção.

Manter a estrutura de uma grande economia baseada em commodities não deve ser meta para ninguém. Temos que almejar uma modificação fundamental no modelo econômico do Sul, afirmou Belmiro Valverde Jobim Castor, professor de administração da PUC-PR, durante o Fóruns Estadão - Região Sul.

Segundo Valverde, a pauta de exportações da região mostra uma produção fortemente dependente de commodities agrícolas, como soja e carne de frango, e, em consequência, uma economia muito afetada pelas oscilações do câmbio. Reivindicar controle do dólar, contudo, não seria a solução.

Não se pode imaginar uma alteração na política cambial, então a exportação tem que ser mais eficiente, defendeu. Ele cita a soja como exemplo. A oleaginosa tem 50 subprodutos, mas exportamos apenas dois, farelo e óleo, além do próprio grão. Isso se aplica a outros itens, como a carne. Somos exportadores de carcaças.

Mesmo países mais avançados na exportação de itens agropecuários de alto valor agregado, como Estados Unidos e alguns europeus, têm intensificado a produção de alimentos certificados, funcionais e processados, diante da saturação dos mercados de commodities, que veem margens de lucro menores por unidade de produto e, por vezes, com grandes oscilações de preços. Com forte tradição agropecuária, a região tem condições para dar este salto de qualidade, mas para isso tem de resolver alguns problemas.

Para Valverde, a chave está na geração de tecnologia aplicada, além da capacitação empresarial e de mão de obra. Embora reconhecido por seu desenvolvimento, o Sul, como o resto do País, ainda não conseguiu traduzir ciência em tecnologia, diz. O Brasil é o 17.º maior gerador de ciência do mundo, mas está em 80.º lugar na geração de tecnologia. Não temos a tradição de passar de uma coisa à outra, mas temos de resolver isso, porque o mundo está indo nessa direção.

Nas palavras do diretor da Organização das Cooperativas do Paraná (Ocepar), José Roberto Ricken, tem de investir acima do pescoço. Cerca de 80% da população do campo tem baixa instrução.

Valverde cita dados da Fundação Anísio Teixeira, que mostram que no Sul a média de proficiência em Português e Matemática mal chega a cinco, numa escala de zero a dez. Educação é a chave da produtividade e é um dos fatores que fazem o Sul derrapar.

Enquanto a educação não melhora, Valverde identifica nos chamados arranjos produtivos locais, ou clusters, uma opção para ajudar especialmente pequenos e médios produtores, que são maioria no Sul, a agregar valor via apoio tecnológico e mercadológico. No Paraná há cerca de 20 arranjos produtivos locais de sucesso.

Ele cita o caso da cidade de Cianorte, no Paraná, que depois de quase quebrar com o declínio do café, encontrou na indústria têxtil o caminho para uma economia sustentável. Há também o exemplo dos sofisticados polos moveleiros no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina, que exportam parte do que produzem. Mas, fora deles, de 70% a 80% da produção não tem design nem acabamento de qualidade, segundo o professor da PUC. O desafio é tornar os poucos e localizados avanços em uma política de produção generalizada.

Entre as iniciativas, Valverde lembra a da família do empresário catarinense Raul Anselmo Randon, a mesma da marca de autopeças e carrocerias, que desde 1997 fabrica um queijo do tipo grana, típico da região da Padânia, na Itália. Eles estimularam os laticínios a produzir um leite com determinado teor de gordura, trouxeram mestres italianos para aprimorar a técnica de produção e criaram uma linha de queijos que não existia no País.

Ricken, da Ocepar, também defende ganho de eficiência em outras áreas, como a redução do chamado custo Brasil, que no Sul corrói 36% do valor dos produtos, com destaque para os problemas logísticos. No Paraná, gastamos 37% do valor do calcário só em pedágios entre Rio Grande e Cascavel.

Agregar valor também reduziria disparidades regionais, fortes nos Estados, apesar da boa qualidade de vida e economia forte. O crescimento médio do Sul (3,2% ao ano) nos últimos 12 anos mascara uma realidade menos agradável em algumas áreas.

O professor da PUC lista mais de 200 municípios do Paraná, dos cerca de 400 do Estado, com Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) abaixo da média do País. Hoje o interior do Paraná concorre com 30% do PIB do Estado, ante 65% da região metropolitana de Curitiba. Há 30 anos era o contrário. No Rio Grande do Sul ocorre algo parecido.

domingo, 9 de maio de 2010

Agronegócio se divide entre Serra e Dilma

Presidenciáveis tentam mostrar intimidade com o setor de olho no eleitorado que responde por um quarto do Produto Interno Bruto



Os dois principais pré-candidatos à Presidência, José Serra (PSDB) e Dilma Rousseff (PT), cumpriram nos últimos dias uma intensa agenda no mundo do agronegócio. Procuraram mostrar intimidade com o setor e apresentar propostas capazes de atender às demandas dos produtores. Essa não é, porém, uma tarefa fácil para os dois - nem para qualquer outro candidato.

Ao contrário do que parece à primeira vista, existem expectativas bem distintas neste setor, que responde por cerca de um quarto do Produto Interno Bruto e garante, há alguns anos, que a balança comercial feche no azul. A insegurança jurídica no campo, que envolve questões relacionadas a leis ambientais e trabalhistas e até mesmo a propriedade da terra, é um tema muito presente nos encontros com agricultores e pecuaristas das regiões Sudeste e Sul do País.

No meio dos produtores do Centro-Oeste e das regiões de fronteira agrícola, ao Norte do País, porém, o foco principal das conversas continua sendo a falta de logística, que encarece custos e reduz a competitividade brasileira no exterior.

Isso faz com que o tucano e a petista, que visitaram há pouco as principais feiras agropecuárias do País, a Agrishow em Ribeirão Preto (SP) e a Expozebu em Uberaba (MG), sejam avaliados de maneira distinta, de acordo com a região do País. Em São Paulo, o produtor de café e pecuarista Luiz Hafers, ex-presidente da Sociedade Rural Brasileira, considerou positiva a atuação de Serra em relação ao agronegócio, durante o governo estadual, por três razões, listadas por ele nessa ordem: Cumpriu com rigor a lei no caso de invasões de terras, fez estradas vicinais e se declara contrário à política de valorização do real que afeta a competitividade do agronegócio exportador.

Receptividade. Já nas áreas de fronteira agrícola do Centro-Oeste, onde os produtores enfrentam problemas maiores de infraestrutura e o endividamento é alto, verifica-se maior receptividade à política atual do governo federal. Quem capitaliza isso é a candidata indicada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que foi ministra de Minas e Energia e é apresentada como a mãe do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).

Dilma entende de logística, afirma Eraí Maggi Scheffer, de Rondonópolis (MT), um dos maiores produtores de grãos do País. Na opinião de agricultores da região, boa parte das obras de infraestrutura que começaram a andar no Centro-Oeste têm a mão da pré candidata.

No Sul e Sudeste, regiões mais bem servidas em termos de infraestrutura e com menores custos de logística, ouve-se com maior frequência comentários de preocupação em relação ao passado da ex-ministra, quando era ligada à esquerda radical. Dilma preocupa mais, embora o atual governo tenha ajudado a agricultura familiar, afirma o produtor Ricardo Ghirghi, que cultiva 1,6 mil hectares no interior de São Paulo e 1 mil hectares com soja no Piauí.

A preocupação do produtor diz respeito às invasões do MST e à questão ambiental. Na opinião de Hafers, ambientalistas que são mais contrários ao capitalismo do que a favor do meio ambiente encontram maior receptividade na pré candidata.

Peregrinação. Isso explica o fato de Dilma estar realizando, desde antes de ser oficialmente apresentada como pré-candidata, verdadeira peregrinação pelas regiões onde a agricultura e pecuária estão consolidadas. Em junho do ano passado, quando o presidente Luiz Inácio Lula da Silva apresentou em Londrina, região tradicional de grãos do norte do Paraná, o plano de safra 2009/2010, a melhor parte do pacote, que era o aumento no volume de crédito, não foi anunciada nem pelo presidente Lula nem pelo ministro da agricultura Reinhold Stephanes.

Foi a então ministra chefe da Casa Civil que deu a boa nova. Ela anunciou aumento de 37% no crédito (R$ 107,5 bilhões) destinado à agricultura empresarial e familiar.

Rogério Baggio, que tem 5 mil hectares em Paranavaí (PR) ocupados com soja, milho, laranja, pecuária e Cana-de-açúcar, diz que cada pré candidato tem de mostrar seu plano. Para ele, o mais importante é a redução de tributos: Quero saber qual imposto eles vão diminuir.

O presidente da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica), Marcos Sawaya Jank, observa que, nos últimos 20 anos, houve uma mudança radical nas principais reivindicações do agronegócio. Antes tudo se resumia a crédito, preço mínimo e política de intervenção do governo, lembra. Hoje, o maior problema seria a insegurança jurídica, segundo a análise de Jank.

Uma das principais preocupações do setor envolve o Código Florestal - especialmente a questão das reservas florestais que devem ser obrigatoriamente mantidas nas propriedades, sob pena de multas aplicadas diariamente. Elaborada na década de 30, a lei determina que os agricultores devem recompor a vegetação nativa em 20% da área de cada propriedade agrícola.

A interpretação retroativa que vem sendo dada à reserva legal tem o potencial de comprometer 3,7 milhões de hectares de terras férteis cultivadas há mais de um século no território paulista, representando perdas de receita de R$ 5,6 bilhões ao ano e aumentos exponenciais nos custos de produção e no preço da terra, diz Jank.

Segundo o presidente da Unica, Serra tem dito que vai resolver esse problema em seis meses e Dilma ainda não se posicionou sobre a questão


quinta-feira, 6 de maio de 2010

Insegurança jurídica é principal ameaça

A falta de segurança jurídica é um dos fatores que ameaçam o desenvolvimento do agronegócio brasileiro, conforme apontaram participantes do Fórum Estadão Regiões Centro-Oeste. Esse quadro é agravado tanto pelas invasões promovidas pelo Movimento dos Trabalhadores rurais Sem-Terra (MST) quanto pelas dificuldades impostas pela burocracia estatal, como é o caso da área ambiental.

Existem as invasões do MST e as invasões de canetas Montblanc, com as instruções normativas e os decretos dos ministros, define a senadora Kátia Abreu (DEM/Tocantins), também presidente da Confederação da agricultura e Pecuária do Brasil (CNA).

Segundo ela, há uma relativização do direito de propriedade no Brasil. Relativização que às vezes vem disfarçada de ambientalistas, sem-terra, índios e negros, com a destruição do nosso desejo de paz e tranquilidade.

A senadora chamou a atenção para as invasões do chamado Abril Vermelho, promovidas pelo MST, que, segundo ela, têm o apoio de setores do governo federal. Ela lembrou que 84 milhões de hectares já estão à disposição da reforma agrária e as invasões são feitas apenas com objetivos políticos e ideológicos.

Kátia Abreu acrescentou que não há recursos no Orçamento para cumprir as metas de assentamento do governo, de 90 mil famílias, e o não cumprimento pune os produtores rurais.

A senadora criticou ainda a existência de duas estruturas para cuidar do setor no País, dividindo o País em duas agriculturas, lembrando que o Ministério do Desenvolvimento Agrário tem verba superior ao do Ministério da agricultura.

A presidente da entidade ruralista apontou dificuldades criadas pelo excesso de regulações, como as da área ambiental, que, segundo ela, são geradas propositalmente como forma de castigo para o produtor rural.

Kátia Abreu salientou que todas as dificuldades provocadas por questões regulatórias e de infraestrutura acabam afetando toda a sociedade. Quanto mais caro o produto chegar às gôndolas, mais alto será o preço para o consumidor, O maior prejudicado é o trabalhador.

Outro exemplo de visão equivocada do governo seria a construção de trecho da rodovia BR-242 em áreas de reserva indígena que, segundo a senadora, teria apoio dos próprios índios, mas enfrenta resistências da Funai e do Incra. A estrada ajudaria a escoar a produção, e os índios, que hoje vivem com dificuldades financeira, poderiam se beneficiar da cobrança de pedágio.

Achismo. O ex-ministro da agricultura Allyson Paulinelli também avaliou que a questão ambiental é tratada no País com visão ideológica e sem embasamento científico. O achismo deve sair e dar lugar à ciência.

Paulinelli citou as críticas à agricultura do Cerrado do Centro-Oeste. Segundo ele, o Cerrado com o cultivo da soja e do milho é muito menos degradado do que o Cerrado original, afetado pelas queimadas realizadas por índios, para facilitar a caça. O Cerrado cultivado tem todas condições de atender a todas às exigências ambientais.

O ex-ministro lembrou do caso dos transgênicos, que sofriam alto grau de rejeição e, hoje, seriam rejeitados apenas por uma minoria, após pesquisas que não detectaram os efeitos nocivos apregoados por ambientalistas.

Pelo fim da distinção entre as agriculturas

Posicionamento da presidente da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), senadora Kátia Abreu (DEM-TO), promete reacender polêmica no campo. Ao divulgar novo estudo do segmento, ontem, a dirigente partiu em defesa do fim da distinção criada entre a agricultura empresarial e a familiar.

E mais. A senadora contestou as análises que apontam aumento na concentração de terras no Brasil.

Não é (nosso) objetivo causar conflito entre os dois tipos de agricultura. Não pode haver a agricultura do mal e a do bem afirmou.

A ideia é caminhar no sentido de garantir renda para todos que estão no campo acrescentou.

A CNA divulgou dados do estudo Quem Produz o que no Campo: Quanto e Onde, feito por uma pesquisadora da Fundação Getulio Vargas (FGV). O levantamento contesta as avaliações do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) feitas a partir do resultado do Censo Agro 2006, divulgado no ano passado, sobre a área agrícola. De acordo com o estudo da FGV, a agricultura familiar representa 22,9% do valor bruto da produção. Na avaliação do IBGE, soma 38%.

O ministro do Desenvolvimento Agrário, Guilherme Cassel, criticou o estudo apresentado pela CNA.

O que a confederação fez ao apresentar esse estudo foi recortar parte da agricultura familiar, sem nenhum critério, e daí tirar conclusões.

sexta-feira, 30 de abril de 2010

Serra e Dilma atacam invasões de terra

Para uma plateia de lideranças rurais e industriais do agronegócio, os candidatos à presidência Dilma Rousseff (PT) e José Serra (PSDB) fizeram ontem duras críticas às invasões do Movimento dos Trabalhadores Sem-Terra



Para uma plateia de lideranças rurais e industriais do agronegócio, os candidatos à presidência Dilma Rousseff (PT) e José Serra (PSDB) fizeram ontem duras críticas às invasões do Movimento dos Trabalhadores Sem-Terra. Ambos estiveram ontem na maior feira de máquinas e implementos agrícolas do país, a Agrishow, em Ribeirão Preto (SP), e como esperado, se posicionaram contra as invasões de propriedades rurais. A feira reuniu na quinta-feira o maior público desde o início do evento, na última segunda, e atraiu produtores rurais, principalmente das regiões Sudeste e Centro-Oeste do país.

Dilma afirmou que é inteiramente contrária às ações de tomada de prédios públicos ou invasão de terras, e defendeu o diálogo com os sem-terra. Governo é governo, movimentos sociais são movimento sociais. A relação tem que ser o diálogo, disse a candidata petista. Ela, no entanto, afirmou que também é contrária à violência. Não acho que a ilegalidade deve ser premiada. Mas não concordo com violência contra os movimentos sociais, afirmou.

Serra foi mais duro em seu discurso, acusando alguns movimentos políticos de se mascararem por trás de movimentos sociais. Movimento social é uma coisa, movimento político é outra. O movimento de invasão não é social, é político. O tucano afirmou que seu governo não alimentará essa máquina política com dinheiro público. Vamos resolver isso, avisou.

As declarações foram feitas no contexto de repercussão de invasões do MST no chamado Abril Vermelho e de divulgação de levantamento da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) de que o setor rural poderá perder R$ 187 milhões de faturamento bruto somente por causa das ocupações de terra ocorridas neste mês, lideradas pelo MST.

Mais à vontade em seu ninho político, Serra veio à Agrishow acompanhado de Geraldo Alckmin, entre outras lideranças tucanas, e do atual secretário de Agricultura de São Paulo, o produtor rural João Sampaio, que exerce um importante papel na aproximação da agricultura paulista com o candidato Serra.

Apesar da unicidade nos discursos dos presidenciáveis ontem na feira, o presidente da Sociedade Rural Brasileira (SRB), Cesário Ramalho da Silva, vai marcar uma reunião com a candidata Dilma para maio. Estamos alinhados com o que o Serra pensa sobre as grandes questões da agricultura, pois vimos seu posicionamento durante o governo aqui em São Paulo. Mas queremos saber mais claramente o que pensa a candidata Dilma, afirmou.

O ex-ministro da Fazenda, Antonio Palocci, que acompanhou Dilma na visita em Ribeirão Preto, deve intermediar o encontro, segundo Ramalho. Além da antiga questão sobre legislação ambiental, a SRB deve levar à conversa com a candidata petista mais uma vez a discussão da redução da carga tributária sobre o setor. Aqui em São Paulo, o Serra ampliou a fiscalização sobre o recolhimento dos tributos e conseguiu reduzir impostos. O governo federal precisa ser mais racional e econômico, disse Ramalho.

quarta-feira, 28 de abril de 2010

A União Europeia planeja simplificar os procedimentos para importação de carne bovina originária do Brasil, como resultado do relatório favorável da missão do Escritório de Alimentação e Veterinária da UE (FVO, na sigla em inglês) que esteve em março passado no país.

Essa simplificação, porém, pode ficar aquém do que vem pedindo o Brasil para poder retomar mais rapidamente as exportações. Em todo caso, apesar de suas duras barreiras, a União Europeia precisa importar. O déficit de produção de carne bovina no bloco é estimado em 300 mil toneladas este ano, com o consumo caindo mais lentamente do que a produção.

O diretor de Saúde Animal da UE, Bernard Van Goethem, disse ao Valor que o relatório preliminar da missão, ainda confidencial, é bom, mostra que o controle é bem aplicado pelo governo e pelos produtores, e vamos avaliá-lo para poder voltar a uma situação normal no comércio.

Ele deixou claro que a exigência da rastreabilidade não mudará. Bruxelas quer ter a garantia de que o animal passou 90 dias na região livre de febre aftosa e 40 dias na última fazenda antes de ir para o abatedouro. Em contrapartida, o representante da UE vê espaço para simplificar o comércio.

Para Jean-Luc Meriaux, secretário-geral da União Europeia de Comércio de gado e Carne (UECBV, em francês), que inclui importadores e varejo, está na hora de o Brasil capitalizar as melhoras no seu sistema. Ele nota que as restrições impostas em 2008 - com a exigência, pela UE, de uma lista de propriedades certificadas para fornecer gado - fizeram o país melhorar seu sistema de controle, restaurando a confiança da UE nas autoridades brasileiras. Meriaux vê espaço para flexibilidade nas medidas tomadas pela UE.

Van Goethem confirma que uma das medidas em estudo envolve a lista prévia de propriedades habilitadas a fornecer gado bovino para abate e exportação de carne a UE. A questão agora é o que isso significará.

De seu lado, o Brasil pede a Bruxelas para revogar a exigência da lista, e assim acabar com a inspeção individual dos técnicos do Ministério da Agricultura a cada fazenda. Isso custa muito, e o ministério usa um bom número de técnicos somente para cuidar da exportação da carne bovina. Além disso, há a lentidão na própria União Europeia, o que atrapalha o aumento das fazendas habilitadas. Ou seja, há muitas fazendas que poderiam estar exportando e não estão ainda.

Por sua vez, as indicações em Bruxelas são de que a UE prefere, mesmo numa primeira etapa, apenas passar a lista para a gestão do Ministério da Agricultura, e não mais pelas autoridades europeias como hoje. Isso se não houver mais pressões de produtores europeus para manter tudo como está.

O relatório da missão da UE começou a circular esta semana nos gabinetes de Bruxelas, ainda com o selo de confidencial. E conclui que o sistema dá garantias quanto ao registro, controle, identificação e inspeção dos animais e seus produtos.

Houve melhoras evidentes, disse Van Goethem. De acordo com outras fontes, o relatório aponta falhas menores e sem gravidade, como alguns problemas de manutenção específica em certos frigoríficos.

A missão faz duas recomendações, também consideradas leves: a primeira, sobre o sistema de notificação de perda de brincos que identificam os animais. E a segunda, para o cumprimento de nova resolução da UE sobre exportação de animais vivos e carne in natura para o mercado comunitário.

Alguns analistas consideram que, na prática, o relatório da FVO é mais favorável ao controle da carne bovina brasileira do que o que identificou problemas em dois terços de estabelecimentos inspecionados recentemente no Reino Unido.

O estoque de terras do Incra


Enquanto se aproxima do fim o abril vermelho, a temporada anual de exacerbação de marchas, invasões e saques de propriedades promovida pelo Movimento dos Sem-Terra (MST) para pressionar por novas desapropriações e assentamentos, vem à tona uma estranha informação sobre o andamento da política fundiária do governo Lula. O Incra tem um estoque de 690 imóveis rurais, totalizando 1,5 milhão de hectares, o suficiente para assentar 50 mil das 90 mil famílias à espera de lotes no País - e, ainda assim, as desapropriações prosseguem.

O Incra não nega os números, mas o seu presidente, Rolf Hackbart, diz que não se pode chamar isso de estoque. Segundo ele, citado em matéria do repórter Roldão Arruda, publicada ontem no Estado, os assentamentos não se consumaram ou porque não saíram as decisões judiciais sobre as desapropriações, ou porque os valores das indenizações foram contestados, ou porque a distribuição dos lotes depende de autorização dos órgãos ambientais dos Estados, ou, enfim, porque não foram liberadas as verbas orçamentárias para a implantação dos assentamentos.

As explicações do órgão poderiam ser tomadas pelo seu valor de face não fosse o fato de serem contestadas pelos representantes do setor rural. Eles apontam dois problemas. Suspeitam, em primeiro lugar, de que o número de propriedades desapropriadas e, portanto, as extensões de terras em mãos do Incra podem ser maiores do que o que consta dos dados oficiais.

A senadora Kátia Abreu (DEM-TO), presidente da Confederação Nacional da Agricultura, pedirá nos próximos dias ao Incra uma relação pormenorizada das propriedades e respectivas áreas. Essas informações, observa, parecem guardadas numa caixa-preta.

O segundo problema é mais complexo. De acordo com os ruralistas, o estoque se forma porque as desapropriações são pagas com Títulos da Dívida Agrária (TDAs), resgatáveis a muito longo prazo, enquanto os assentamentos, para se concretizar, dependem do volume de recursos em caixa.

Em média, cada família assentada custa algo como R$ 60,7 mil por ano. Quem analisa o orçamento do Incra, denuncia a senadora, vê que ali não existe recurso para assentar o tanto de famílias que eles prometem nas negociações com os invasores de terras. A ser verdadeiro o argumento, de um lado, o governo engana os sem-terra, de outro, tolera as invasões e depredações.

Hackbart rejeita o raciocínio. Para ele o descompasso não existe, porque mesmo resgatada em prazos que chegam a 20 anos, o TDA entra no gasto do Tesouro no dia de sua emissão. Além disso, sustenta, nada menos de 60% dos lotes a serem distribuídos anualmente ficam em áreas recuperadas pelo Estado e em assentamentos já existentes, sem custo, pois, para o Incra. Existem (ali) muitos lotes vagos que estão sendo retomados. Isso não é oneroso.

Novamente, a versão de Hackbart poderia fazer sentido, não fossem as evidências em contrário - e desta vez não são os ruralistas quem as apresenta.

Levantamento feito no ano passado pelo juiz Marcelo Berthe sobre conflitos fundiários em Pernambuco - o Estado que lidera o rol de invasões de terras no País - o leva a crer que os assentamentos não são implementados logo após se consumar a desapropriação.

Depois de consultar colegas e autoridades estaduais familiarizados com o assunto, Berthe, auxiliar da presidência do Conselho Nacional de Justiça (CNJ)e presidente do fórum do CNJ sobre questões fundiárias, diz ter ficado com a impressão de que existe um grande estoque de imóveis, enquanto as ocupações continuam.

Como esclarece o jornalista Rui Nogueira, chefe da Sucursal do Estado em Brasília, o governo faz um jogo duplo com os sem-terra. Mantém com o movimento uma relação fraterna, distribuindo mesadas, bolsas e cestas básicas, mas não faz investimentos pesados em assentamentos. O governo petista sabe que fazer assentamentos, cedendo às pressões das invasões, é o mesmo que jogar dinheiro fora.

O resultado dessa política é a intranquilidade no campo.

segunda-feira, 26 de abril de 2010

Dnit desvia dinheiro para o MST

Além dos milhões subtraídos do Tesouro Nacional por meio de ONGs, o MST agora arranca dinheiro até do Dnit, do Ministério dos Transportes, cuja missão é construir e conservar estradas




Além dos milhões subtraídos do Tesouro Nacional por meio de ONGs, o MST agora arranca dinheiro até do Dnit, do Ministério dos Transportes, cuja missão é construir e conservar estradas. Em 12 de janeiro, o Dnit firmou termo de compromisso com a prefeitura petista de Canoas (RS) para desviar R$ 28,1 milhões na construção de 599 casas para invasores de área pública do MST. Militantes do MST invadiram a faixa de domínio da rodovia BR-448 e chantagearam o Dnit, exigindo compensação para deixar a área. A lei 10.233, que criou o Dnit, e seu regimento interno só toleram uso de recursos em serviços e obras de infraestrutura de transportes . Diretor de Infraestrutura do Dnit, Hideraldo Caron ignorou parecer da Advocacia Geral da União contra o desvio de verbas para o MST. O Dnit nega ilegalidade no desvio para o MST e a Prefeitura de Canoas se jacta: quer só melhorar as condições de assentamentos irregulares

sábado, 24 de abril de 2010


O Presidente Executivo da Abef, Francisco Turra, estranha a posição de um líder populista exatamente contra os menos favorecidos, pois que essa é a proteína mais acessível nas camadas de baixa renda.

Conhecido por posições notadamente polêmicas, inclusive no dia a dia de seu governo, o Sr. Morales revela desconhecimento também no que diz respeito a esta importante proteína animal, presença indispensável na mesa de todos os povos, em especial nas camadas menos favorecidas da população, das quais o presidente da Bolívia sempre se disse defensor.

Entre os clientes do Brasil – maior exportador mundial e que abastece 153 mercados do mundo – estão países não só da União Europeia, Oriente Médio, Ásia e África, mas também da América do Sul. Como a Venezuela, por exemplo, que é hoje um dos grandes clientes em carne de frango, e de onde nunca foram manifestações similares à do Sr. Morales.

Com relação especificamente à acusação da presença de hormônios na carne de frango, a Abef reitera que se trata de um mito. No caso do Brasil a expansão da produção dessas aves, com qualidade e sanidade, deveu-se a fatores como a alimentação exclusivamente à base de milho e soja. A ausência de hormônios é comprovada, aliás, por constantes inspeções de mercados que são os mais exigentes do mundo.


O principal insumo da ração de frango, o milho, ficou mais barato, mas o preço da carne no atacado segue firme na faixa de R$ 2,5 o quilo (congelado). A contradição que intriga o consumidor ganha explicação na cadeia da carne. O setor acaba de anunciar novo avanço nas exportações, e estabelece metas ambiciosas para este ano.

Em março o estado exportou 83 mil toneladas, ante as marcas de 81 mil e 75 mil no mesmo mês em 2009 e 2008, respectivamente. Para atingir o volume maior, produz cerca de 110 milhões de aves por mês. O faturamento mensal com as vendas ao exterior passou de US$ 130 milhões, valor 22% maior que o de um ano atrás.

Já o preço do milho caiu 14% no último ano. Os produtores estão recebendo R$ 13,80 por saca de 60 quilos no Paraná, por causa do excesso da oferta. Direcionado principalmente ao mercado interno, o cereal não depende só da demanda, mas da disposição dos compradores, atrelados a cotações internacionais de matérias-primas e produtos finais.

Curiosamente, há dois anos, o quadro era justamente oposto, com a cadeia da carne em alerta no período de entressafra. O milho escasso elevava os custos do setor, que buscava acordo com a agricultura para ter garantia de ração a preço sustentável.

Segundo Martins, apesar de a situação atual ser “confortável” para a indústria de carne de frango, o setor tem menos lucros que em 2008, porque o câmbio atual desfavorece as exportações. O que salvou o setor foi justamente o aumento dos embarques, que vem ocorrendo graças ao aquecimento das vendas ao Oriente e a Ásia, antes mesmo da entrada expressa no mercado chinês.

Outro fator que colabora é a demanda interna. A proibição da venda de frango temperado, em vigor desde março, acabou reduzindo o volume de oferta, relata. O Sindiavipar se posicionou a favor da medida, que tentou conter a venda de carne de galinha com mais de 20% de água e tempero misturados.

As empresas do setor não se limitam à expectiva geral dos exportadores de alimentos de crescimento do mercado chinês. A Frangos Canção, por exemplo, que quatro anos atrás fez pesquisa para se adaptar às exigências de países como Arábia Saudita, hoje embarca 30% de sua produção para o Oriente. A meta é continuar negociando com mercados similares, na mesma região.

“Queremos média nacional de mais de 300 mil toneladas e estadual de mais de 80 mil toneladas nas exportações”, afirma o presidente do Sindicato da Indústria de Produtos Avícolas do Paraná (Sindiavipar), Domingos Martins. Para isso, a produção e os embarques terão de continuar crescendo.

Mesma saída para os suínos

A busca de novos mercados surge como saída não só para as aves, mas também para os suínos, setor que reclamou nos últimos dois anos de preços abaixo dos custos. O Paraná segue tendência nacional e amplia os embarques mês a mês.

Os preços estão entre R$ 1,80 e R$ 2 o quilo, até 30 centavos a mais que em dezembro. Com o milho em queda, a situação favorece a produção de carne. Com 1 quilo de suíno, dá para comprar 7 quilos de milho.

Vem de Santa Catarina indício de que há espaço inclusive para ampliar a produção. O estado vizinho, que compete com o Paraná no frango e está em vantagem no suíno, conseguiu reconhecimento de área livre da aftosa dos Estados Unidos para vender carne de porco. Nesta semana, recorreu ao Ministério da Agricultura pedindo ajuda para cumprir dez exigências da União Europeia. Os suinocultores catarinenses esperam ainda a chegada de negociadores da Coréia do Sul, que devem visitar o estado na próxima semana.

A corrida de Santa Caratina e do Paraná, no entanto, não é apenas para esses mercados, mas sim para atender o Japão, que importa um milhão de toneladas de carne suína ao ano, um terço a mais do que o Brasil inteiro exporta. O Paraná, terceiro produtor nacional, abateu 1,23 milhão de suínos de janeiro a março deste ano, 4,4% a mais que no mesmo período de 2009. A produção total do ano passado foi de 509 mil toneladas – das quais apenas 55 mil toneladas foram exportadas.

sexta-feira, 23 de abril de 2010

CNJ cria grupo para conflito fundiário

Trabalho vai começar pelos Estados de Pernambuco, que tem maior número de invasões, e do Pará, com maior incidência de casos de violência



Foi oficialmente constituído no Conselho Nacional de Justiça um grupo de trabalho para a avaliação e prevenção de conflitos fundiários. Formado por quatro juízes o grupo irá se dedicar inicialmente à análise dos conflitos nos Estados de Pernambuco e Pará.

O primeiro figura com destaque entre os Estados com maior número de invasões de propriedades rurais no País. O Pará, por sua vez, é o que registra a maior incidência de casos de violência decorrentes de disputas pela posse da terra.

A portaria que constituiu o grupo foi assinada na terça-feira pelo presidente do CNJ, ministro Gilmar Mendes. Foi um de seus últimos atos no cargo - que passa a ser ocupado a partir de hoje pelo ministro Cézar Peluso.

De acordo com Gilmar Mendes, uma das preocupações do grupo é assegurar o direito de propriedade, previsto na Constituição. Os juízes também irão analisar a condução dos processos de reforma agrária.

Desapropriações. Um levantamento preliminar realizado por juízes do CNJ em Pernambuco verificou que há muitas desapropriações, sem se verificar um número correspondente de assentamentos. Talvez já tenhamos até terras suficientes para as finalidades pretendidas, disse o presidente do conselho.

O levantamento preliminar também apontou a existência de lotes disponíveis nos assentamentos já existentes. Ainda segundo Mendes, pode estar havendo irregularidades com a liberação de recursos não estariam sendo aplicados corretamente.

Esses e outros problemas deverão ser analisadas pelo grupo de trabalho. Ele é constituído pelos juízes auxiliares Marcelo Martins Berthe e Ricardo Cunha Chimenti, que já fazem parte do Fórum de Assuntos Fundiários do CNJ. Os outros dois integrantes são José Henrique Coelho Dias da Silva, de Pernambuco, e Kátia Parente Sena, do Pará.

Desde o ano passado o presidente do Conselho vem insistindo na necessidade de se reduzir e solucionar as tensões das regiões agrárias no País.

Em maio foi realizado em Brasília um seminário dedicado especialmente à discussão do monitoramento e resolução dos conflitos, com a presença de 120 magistrados, promotores, procuradores e especialistas em questões agrária.

A criação de um grupo especial para a prevenção e solução dos conflitos já vinha sendo estudada desde aquela época. Outra conclusão do seminário apontou para a necessidade de criação de varas federais especializadas em conflitos agrários, com uma estrutura mínima de servidores, fornecimento de transporte adequado e equipamentos portáteis, assim como o apoio de força policial.

Sem registro. Mais recentemente integrantes do CNJ estiveram em Pernambuco, um dos Estados onde o Movimento dos Sem-Terra (MST) mostra maior capacidade de ação, em termos de invasões de propriedades. O coordenador do movimento no Estado, Jayme Amorim, é um dos mais ousados entre todos os líderes dos sem-terra.

Segundo informações da Secretaria de Defesa Social do Estado, os maiores índices de conflitos ocorrem na Região da Mata e do agreste. De acordo com a mesma fonte, são regiões nas quais muitas propriedades não possuem registro regularizado em cartório.

Os dados coletados inicialmente em Pernambuco deverão balizar a partir de agora os trabalhos do grupo de trabalho. O objetivo é reduzir os conflitos.

No interior do MST as iniciativas patrocinadas por Gilmar Mendes sempre foram vistas com desconfiança. Os coordenadores do movimento acusam o presidente do CNJ de encabeçar uma frente destinada a criminalizar as ações dos sem-terra em defesa da reforma agrária e da desconcentração da propriedade rural. A preocupação é tão forte que o principal slogan do abril vermelho deste ano é Lutar Não É Crime.

Segundo levantamento da Comissão Pastoral da Terra (CPT), em 2009 foram registrados 1.184 conflitos agrários. Em 2008 o número chegou a 1.170.

quinta-feira, 22 de abril de 2010

MST invade fazenda de multinacional na Bahia

Área, pertencente à empresa que cultiva eucalipto, é a 16a- ocupada pelo movimento no estado durante o Abril Vermelho



Integrantes do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST) ocuparam ontem a Fazenda Barrinha, em Eunápolis, a 644 km de Salvador, que pertence à multinacional Veracel, empresa que cultiva eucaliptos para a produção de celulose. Esta é a 16afazenda ocupada na Bahia durante o Abril Vermelho — ações organizadas pelo MST para lembrar o Massacre de Eldorado dos Carajás, em 1996, quando 19 trabalhadores rurais foram mortos em confronto com a tropa de choque da PM do Pará.

De acordo com Márcio Mattos, um dos coordenadores do movimento, a intenção do MST é ocupar pelo menos 30 fazendas até o fim de abril. Esta é a terceira vez que o MST ocupa a Barrinha, que possui 4.700 hectares e se situa às margens da BR-101, a 20 km de Eunápolis, onde fica a fábrica da empresa.

Mattos informou que a área estava ocupada por 400 famílias.

Em frente à fazenda, há um acampamento do MST, onde cerca de 30 pessoas residem desde abril do ano passado, quando o movimento entrou pela primeira vez na Barrinha. A Veracel Celulose pediu a reintegração da posse e ganhou. O grupo saiu, mas retornou em outubro de 2009, saiu novamente por força de mandado judicial, mas ficou no acampamento.

Veracel Celulose afirma ter prejuízo de R$ 5 milhões

A Veracel Celulose divulgou nota informando que, em razão das ações do MST contra áreas de sua propriedade, já contabilizou prejuízos de mais de R$ 5 milhões com plantio comercial ou fragmentos de Mata Atlântica que foram ou estão ocupadas. A direção da empresa afirma que a invasão “desrespeita as decisões do Judiciário de Eunápolis, que determinou a reintegração, já cumprida no passado por duas vezes, sempre com desocupação pacífica do local”. “Esta mesma área está contemplada pela confirmação da Coordenação de Defesa Agrária da Bahia que concluiu que a Veracel não ocupa terras devolutas”, diz a nota.

Mais de cinco mil trabalhadores rurais marcham, desde segundafeira, pela BR-324, em direção a Salvador. O grupo saiu de Feira de Santana e a expectativa é que chegue na próxima segundafeira. Eles vão se reunir com a direção regional do Incra e com a Secretaria Estadual de Agricultura e Reforma Agrária.

As principais queixas são referentes ao atraso no processo de assentamento das 25 mil famílias que aguardam lotes em acampamentos considerados precários e à assistência aos trabalhadores rurais dos 120 assentamentos do MST no estado.

terça-feira, 20 de abril de 2010

CNA inaugura gabinete para defender ruralistas


Em reação aos atos do MST, especialmente as invasões de terra, que são intensificadas por todo o País no chamado abril vermelho, a Confederação Nacional da Agricultura (CNA) instalou ontem um escritório voltado para a defesa dos direitos dos proprietários rurais atingidos



Em reação aos atos do MST, especialmente as invasões de terra, que são intensificadas por todo o País no chamado abril vermelho, a Confederação Nacional da Agricultura (CNA) instalou ontem um escritório voltado para a defesa dos direitos dos proprietários rurais atingidos. Denominado gabinete de crise, o escritório conta com técnicos especializados e advogados, que devem atuar em conjunto com as federações estaduais de agricultura e pecuária.
O novo gabinete da CNA faz parte da campanha Vamos Tirar o Brasil do Vermelho - Invasão É Crime, lançada na semana passada pela presidente da entidade, a senadora Kátia Abreu (DEM-TO). No decorrer desta semana também deve ser lançado um boletim diário com informações sobre as invasões, pedidos de reintegração de posse e decisões judiciais.
Na semana passada a senadora também encaminhou ao governo um pedido para que as ações dos movimentos de sem-terra sejam monitoradas pela polícia, com intuito de prevenir as invasões. Segundo ela, as ações do MST continuam anos após ano devido à impunidade. / R.A


Integrantes do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) invadiram nesta segunda-feira a sede do Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) em cinco Estados –São Paulo, Rio de Janeiro, Pará, Piauí e Paraíba. A sede nacional do instituto também foi invadida. Desde sábado, a sede do Incra em Pernambuco é ocupada pelo movimento.

“O governo não vem cumprindo os seus compromissos com a reforma agrária. Temos famílias acampadas há mais de cinco anos, vivendo em situação bastante difícil à beira de estradas”, afirma José Batista de Oliveira, da coordenação nacional do MST, em nota.

Segundo o MST, o “abril vermelho” já teve manifestações em 19 Estados. O movimento afirma que já foram ocupadas 68 fazendas: em Pernambuco (25), Bahia (15), São Paulo (11), Paraíba (5), Sergipe (4), Alagoas (2), Ceará (2), Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul (uma em cada).

O Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) deve pedir a reintegração de posse de sua sede nacional em Brasília. O pedido do Incra deve ser protocolado ainda hoje na Justiça Federal.

As invasões fazem parte da onda de ações do chamado “abril vermelho”. O MST cobra, entre outros pontos, o assentamento de todas das famílias acampadas à espera de um lote de terra. O MST afirma ter 90 mil famílias atualmente debaixo de barracos de lona.

Comento
Escrevi “crime” no título? Sim. É um ato criminoso invadir um órgão público, impedindo seus funcionamento e cerceando o direito de ir e vir. E o que vai acontecer com o MST? Nada!

O que é um bem público? É aquele que pertence a todos. Por isso é regulado pelo estado, o ente cuja autoridade é reconhecida pela sociedade. As esquerdas entendem de outro modo: o “público” quer dizer “de ninguém”. E, se é de ninguém, então pertence a elas, que se autoproclamam “representantes do povo”.

Botar essa gente pra fora debaixo de chicote se for o caso, responsabilizando-a civil e criminalmente pelo abuso, nem pensar! Isso, afirmam, seria “satanizar os movimentos sociais”. Como disse Dilma naquele discurso em ato ilegal (!) promovido em São Bernardo, os petistas querem “dialogar”. No caso, “dialogar” com o crime.

Se bem que é preciso reconhecer: a invasão das sedes do Incra é só um simbolismo da militância. O órgão já pertence ao MST. Todos os seus diretores foram, na prática, indicados pelo movimento. Isso quer dizer que o crime contra o estado — e, pois, contra o conjunto dos brasileiros — antecede essa patacoada. Um movimento que nem mesmo tem existência legal detém o controle de uma fatia do estado. E faz o que bem entende, ao arrepio da lei.

Hackbart reage à invasão do Incra

As invasões dos prédios do Incra por militantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST) são inaceitáveis, afirmou ontem o presidente do instituto, Rolf Hackbart, que entrou com pedido de reintegração de posse na 15 Vara da Justiça Federal em Brasília


As invasões dos prédios do Incra por militantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST) são inaceitáveis, afirmou ontem o presidente do instituto, Rolf Hackbart, que entrou com pedido de reintegração de posse na 15 Vara da Justiça Federal em Brasília. O governo sempre negociou com todas as partes. Tanto que amanhã (hoje) tínhamos reunião agendada com o MST, afirmou.

Contrariado com a atitude do MST, o presidente do Incra suspendeu as negociações enquanto durarem as invasões. Hackbart rebateu a crítica do MST de que o governo do presidente Lula não deu a devida atenção à reforma agrária e disse que a implementação da reforma deve ser compartilhada também com os governos estaduais e as centenas de ações travadas na Justiça.

Ele garantiu que no atual governo foram criados 3.348 assentamentos e 574 mil famílias foram cadastradas. Os recursos para a reforma agrária passaram de R$ 1,5 bilhão em 2003 para R$ 4,6 bilhões este ano, informou. O MST afirma ter 90 mil famílias debaixo de barracos de lona à espera de terras.

segunda-feira, 19 de abril de 2010

Brasília (19/04/2010) – A Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) instalou um Gabinete de Crise vinculado ao Observatório das Inseguranças Jurídicas no Campo para monitorar invasões de terras promovidas pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST), que foram intensificadas este mês. Técnicos especializados e advogados estarão em contato direto com as Federações Estaduais de Agricultura e Pecuária, para obter informações sobre invasões ou outras ações criminosas promovidas pelo MST, sempre buscando defender o Direito de Propriedade, que é garantido pela Constituição Federal.

O Gabinete de Crise da CNA reunirá informações para mostrar os prejuízos que o MST está causando ao Brasil com as invasões de terras produtivas privadas e de prédios públicos. A ação faz parte da campanha “Vamos tirar o Brasil do Vermelho – Invasão é crime”, lançada na última terça-feira, 13 de abril, pela presidente da CNA, senadora Kátia Abreu. Complementa o esforço da entidade na defesa dos direitos dos proprietários rurais e do cumprimento das leis do País.


Ainda esta semana será lançado um boletim diário com informações sobre número de invasões de propriedades rurais promovidas pelo MST, pedidos de reintegração de posse movidos pelos produtores, ações deferidas pela Justiça e as decisões judiciais efetivamente cumpridas. O novo boletim permitirá informar melhor a sociedade sobre as ações de violência e desrespeito promovidas pelo MST.

A senadora Kátia Abreu defende a criação do Plano Nacional de Combate às Invasões de Terras, alertando que o MST gera violência no campo há mais de duas décadas e permanece impune. “São 25 anos do MST e 13 anos de abril vermelho. O crime organizado está se instalando no campo sob o manto de um movimento social. Já alcançou a maioridade. Agora pode e deve responder na justiça por seus atos”, criticou Kátia Abreu.



Assessoria de Comunicação da CNA
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A raça Girolando será julgada em exposições de várias regiões brasileiras nesta semana. Criadores da região mineira de Araxá estarão de olho na pista de julgamento do Parque de Exposições da cidade para acompanhar os campeonatos da raça Girolando. O julgamento da raça durante a Expo Araxá começa amanhã (15/04) e vai até o dia 17. A escolha dos grandes campeões ficará a cargo do jurado da Associação Brasileira dos Criadores de Girolando Euclides Prata.

Em Pernambuco, acontece a 6ª EXPOAGRO no Parque de Exposições Cordeiro, em Recife (PE). Os julgamentos de Girolando serão nos dias 15 e 16. Já em Bragança Paulista (SP), a raça será julgada entre os dias 16 e 18 dentro da 45ª EXPOAGRO. A feira acontece no Parque Zootécnico Dr. Fernando Costa.

Para a próxima semana, estão previstas duas exposições com a presença da raça Girolando. A XXXII Exposição Feira Agropecuária de Monte Alegre de Minas será de 20 à 25 de abril. Durante esse período, ocorrrá a XII Regional de Girolando. A 23ª Exposição Agropecuária e Industrial de Pará de Minas (Expo Pará 2010) terá julgamento de animais nos dias 23 e 24 de abril na pista do Parque de Exposições Francisco Olivé Diniz.


Larissa Vieira
imprensa@girolando.com.br

domingo, 18 de abril de 2010

Depois de um ano difícil, com queda no consumo mundial de carnes e situação cambial desfavorável, a avicultura brasileira caminha para a recuperação: a demanda internacional aumenta lentamente e os contratos que estão sendo fechados neste mês para embarque em março registram aumento de 10% no valor da tonelada.

Ao dar a informação, o vice-presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Santa Catarina (FAESC), Enori Barbieri, realça que é a primeira vez nos últimos 12 meses que a cotação da carne de frango no mercado mundial reage. “O ano será de retomada de ganhos para a avicultura industrial brasileira”, assevera.

Concorre para isso a evolução cambial registrada nas últimas semanas, com o aumento da cotação do dólar – que se aproxima dos 2 reais. A excessiva valorização do real frente ao dólar estava eliminando a competitividade dos produtos brasileiros, que perdiam mercados ou anulavam a margem de rentabilidade.

Prova disso, mostra Barbieri, é a exportação de carne de frango: o Brasil vendeu no mercado mundial, em 2009, um volume maior e obteve receitas menores em relação a 2008. “Não havia onde colocar a produção, foi preciso vender mesmo com prejuízo”, explica Barbieri, esclarecendo que criadores e indústrias sofreram perdas.

O Brasil produziu, no ano passado, 11,4 milhões toneladas de carne de frango, contra 10,9 milhões em 2008. O cenário desfavorável gerado pelos preços dos insumos em alta e pelos preços de venda em baixa provocou fusões e aquisições de empresas avícolas. “Muitas empresas estão em dificuldades, mas devem se recuperar em face das novas condições do mercado”.

Em 2009 ocorreu retração na venda de carnes de frango no mercado internacional em razão da crise financeira internacional e da demanda menor, especialmente na Ásia e na Europa. No mercado doméstico, o consumo manteve-se estável e, a carne de aves, na liderança – é a proteína animal de maior presença na dieta do brasileiro.

COOPERAÇÃO

Outra notícia positiva para o mercado é o diálogo que a Associação Brasileira de Produtores e Exportadores de Frango (Abef) manterá com sua co-irmã norteamericana. O objetivo é uma ação articulada Brasil/Estados Unidos contra as barreiras impostas pela União Européia à carne de frango dos dois países que, atualmente, paga 100% de imposto para entrar naquele continente.

Além da reação do mercado, o custo dos insumos baixou e o milho – principal item da alimentação das aves – está 20% mais barato neste ano. “2010 será bom para a avicultura, mas é preciso lembrar a lição que a crise deixou: é essencial controlar a produção para evitar superoferta e só produzir o que o mercado absorve”, encerra o vice-presidente da FAESC.

* Assessoria de Comunicação da FAESC
Telefax (49) 3323-4244.


 

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