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domingo, 30 de maio de 2010

Wagney Azevedo Leão, de 75 anos, tem a agropecuária no DNA. Seu bisavô era agropecuarista. Seus netos cuidam agora das terras da família. O agropecuarista hoje é um herói, diz ele, ao lado de outros quatro produtores, reunidos numa tarde de terça-feira numa sala do Sindicato Rural de Uberlândia para conversar com o Estado. Suas queixas e reivindicações dirigidas ao governo federal incluem os custos altos da produção e os preços baixos dos produtos, as invasões de terras e as amarras ambientais.

Que sustentação temos hoje na Pecuária?, pergunta Wagney. Os frigoríficos e as redes de supermercados levam a parte do leão. O produtor não está levando nada. O governo deveria sustentar a política agrícola com preços. O agrônomo Maurício Bueno, de 45 anos, que presta consultoria em planejamento de crédito agrícola, explica: Os frigoríficos são poucos e põem o preço no boi.

Maurício observa que tem cinco ou seis empresas comprando boi e produzindo fertilizantes, e milhões produzindo boi. Do lado dos grãos, grandes empresas como Cargill, Bunge, Sadia e Granjeiros pagam o que querem, acrescenta José Luís da Silva, de 63 anos, que tem 360 hectares de milho e soja e cerca de 800 cabeças de gado de corte.

O governo contribuiu para essa concentração, observa Otacílio Ferreira Matos, de 52 anos, que trabalha com genética de gado Gir e Holandês: O BNDES (Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social) socou dinheiro no Friboi, e hoje só existem ele e o Independência, diz ele, referindo-se aos dois maiores frigoríficos do País. Carlos Augusto Ribeiro Franco, de 60 anos, consultor ambiental, criador de gado e de frangos, identifica nisso uma política do governo Lula: É pretensão desse governo mostrar a cara do Brasil lá fora e para isso precisa de grandes estruturas.

A concentração se reproduz nas fazendas. Há cinco, dez anos, todo mundo tinha condições de plantar 5, 10 alqueires (24 a 48 hectares), lembra o agrônomo Maurício. Hoje, ou você é produtor de 10 mil hectares ou não é nada. Com menos de 200 hectares, você não produz mais nada, e 90% (dos fazendeiros da região) têm esses pedacinhos de chão. Os produtores explicam que, ao lado dos preços baixos dos produtos, as terras têm exigido investimentos mais altos na correção do solo, assim como novas pragas têm demandado agrotóxicos caros.

Otacílio diz que a descapitalização dos pecuaristas os leva a vender as fêmeas, que atingem preço mais baixo no mercado. Segundo ele, o ideal seria vender no máximo 20% das fêmeas, mas os produtores têm vendido 45%. É um círculo vicioso, descreve: vendem as fêmeas para fazer caixa porque não têm animal acabado e com isso reduzem a sua produção.

O preço mínimo estipulado pelo governo para a saca de 60 quilos de milho, diz Wagney, é R$ 17,50. A saca está sendo vendida a R$ 13. O governo não pratica o preço mínimo, critica ele. Tem milho estocado do ano passado. Nas lavouras, plantam milho em cima da outra safra. Não compensa colher. Não tem preço.

Nos últimos anos a gente não está conseguindo ganhar dinheiro, e muitas vezes está perdendo, diz José Luís. Compramos insumos quando os preços dos grãos estão altos. Na colheita, caem os preços. E aí a dívida está feita. Maurício, que arrenda 40 hectares com feijão irrigado, acrescenta: Quando vai planejar a safra, o produtor se anima com o preço alto; quando colhe, o preço cai. Há um descasamento na renda. Junta-se isso com falta de estrutura de armazenamento e de crédito.

O consultor acha que falta uma política do governo para direcionar o plantio e o escoamento. Ou que pague para não plantar. Wagney assinala que o governo se aproveita do produtor ao impor o preço baixo dos alimentos. Para o governo é lindo, excelente.

Populismo. Ele vê populismo também na política agrária. O MST invade o Ministério da Agricultura, o Incra, as fazendas, e qual atitude o governo tem tomado?, indigna-se Wagney, que participou do Clube dos 11, embrião da União Democrática Ruralista (UDR). Estão querendo que depois que invadam a gente tem de defender? Não existe isso. Piorou muito nos últimos anos.

Uberlândia foi fundada em 1888, depois que paulistas ocuparam a região em meados do século 19. Hoje a cidade tem 600 mil habitantes. Tradicionalmente produtora de milho e gado, passou a dedicar-se também à soja e tornou-se grande polo avícola do País. A soja é exportada, enquanto o milho abastece o mercado interno de ração.

A crise econômica mundial teve impacto sobre o agronegócio a partir de abril de 2009. Agora está começando a reagir, diz Carlos Augusto, que cria 550 cabeças de gado de corte, 50 de leite e 130 mil frangos para produção de ovos, além de cultivar milho, sorgo e cana para alimentar o gado. Tende a melhorar, mas não volta ao patamar de 2007 e 2008.

Para ele, a política comercial do governo Lula foi bastante incipiente. Seu modelo de ministro da Agricultura é Marcus Vinícius Pratini de Moraes (do segundo mandato de FHC). É um grande comerciante. Abriu muitos mercados para o Brasil. Principalmente no setor de carnes, existe o Brasil antes e depois de Pratini.

Os produtores queixam-se também do Código Florestal Brasileiro, lei de 1965. Está totalmente desajustado ao processo produtivo, avalia Carlos, que é também consultor ambiental. Sistema de reserva legal só existe no Brasil. No mundo inteiro acabou. E vêm aqui polemizar para o governo impor o cumprimento.

Carlos usa um argumento bastante defendido pelos agricultores: Se (a preservação ambiental) é para o bem da coletividade, por que o produtor paga sozinho? Os agricultores acham que devem ser remunerados pela manutenção de matas em suas fazendas, como nos Estados Unidos.

Na região de Uberlândia, a reserva legal compreende 20% da propriedade; no cerrado, o índice é de 35% e na Floresta Amazônica, de 80%. A reserva soma-se às Áreas de Proteção Permanente (APPs), na beira da água e nas encostas dos morros. O assunto inflama os produtores rurais. Eles afirmam que uma fazenda cortada por um rio a inviabiliza comercialmente. Tem fazendeiro perdendo metade da fazenda, observa Otacílio. Maurício defende excluir do cálculo a área já desmatada. Desmatamento está fora de moda.

Carlos argumenta que em regiões cujas terras já foram bastante fracionadas pelas heranças sucessivas, como Uberlândia, onde segundo ele a área média é de 50 hectares, o conceito de 20% dentro de cada propriedade não faz sentido. São pequenas moitas de mata sem corredor de ligação. Que bicho vai viver em moita de 2 hectares? Não dá sustentabilidade nem para a flora nem para a fauna. Externando uma opinião também bastante comum entre os produtores rurais, Carlos continua: A quem interessa gravar 20%? Aos nossos concorrentes lá fora, que já devastaram tudo. Sabem que somos competitivos e quanto mais puderem nos atrapalhar, vão infernizar, através de ONGs financiadas por eles. O governo não reage a essa intromissão.

O consultor ambiental diz que deveria haver um zoneamento agrícola que liberasse da reserva legal regiões antropizadas (muito modificadas pelo homem), com alta vocação agrícola, como o Triângulo Mineiro e preservasse regiões de baixa vocação, como Mato Grosso.

À pergunta sobre que candidato à presidência se mostra mais sensível a todas essas questões levantadas por eles, os produtores rurais dão respostas diversas. José Luís diz que ainda é preciso estudar o perfil dos candidatos. Carlos e Wagney não têm dúvida de que o candidato com maior afinidade com os produtores é José Serra. Maurício contesta: O PSDB governou do mesmo jeito (que o PT) oito anos. Ele defende o governo Lula: O partido do qual tinham medo fez mais do que o governo Fernando Henrique Cardoso no crédito agrícola.

Insegurança. Carlos rejeita a abordagem partidária: Temos de ver daqui para a frente o indivíduo mais apropriado. Ele responsabiliza o governo pelas invasões: Que segurança jurídica temos no campo? Não adianta ter crédito sem segurança. Esse governo não traz nenhuma tranquilidade. Esses movimentos são uma praga. A fazenda vizinha à de Carlos, na região de Água Limpa, foi invadida. São massa de manobra do governo. Usam esse povo. É desumano, acusa ele. Não querem produzir. Vendem (o lote) e vão invadir outra. Ele estima que, na sua região, 90% dos assentados não são os originais: compraram de outros. Ofereceram-me dez lotes.

Wagney associa o problema a Dilma Rousseff: Conhecemos a peça muito bem. Foi guerrilheira. O passado dela não merece a confiança do setor. Maurício também se revela pessimista: Vai ser pior. Os produtores torcem para que a senadora Kátia Abreu (DEM-TO), presidente da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), não seja vice de Serra. Não porque não gostem dela. Pelo contrário: Precisamos dela aqui. No dia em que o Estado esteve no sindicato, um ônibus com 38 produtores sairia de Uberlândia rumo a Brasília, para participar do movimento Paz no Campo, liderado pela senadora.

quinta-feira, 27 de maio de 2010

Para especialistas, região deve investir em tecnologia na produção de commodities



Responsável por 40% da produção agropecuária e por parte importante da exportação agrícola do País, a Região Sul tem agora o desafio de passar ao próximo estágio: o de agregar valor à produção.

Manter a estrutura de uma grande economia baseada em commodities não deve ser meta para ninguém. Temos que almejar uma modificação fundamental no modelo econômico do Sul, afirmou Belmiro Valverde Jobim Castor, professor de administração da PUC-PR, durante o Fóruns Estadão - Região Sul.

Segundo Valverde, a pauta de exportações da região mostra uma produção fortemente dependente de commodities agrícolas, como soja e carne de frango, e, em consequência, uma economia muito afetada pelas oscilações do câmbio. Reivindicar controle do dólar, contudo, não seria a solução.

Não se pode imaginar uma alteração na política cambial, então a exportação tem que ser mais eficiente, defendeu. Ele cita a soja como exemplo. A oleaginosa tem 50 subprodutos, mas exportamos apenas dois, farelo e óleo, além do próprio grão. Isso se aplica a outros itens, como a carne. Somos exportadores de carcaças.

Mesmo países mais avançados na exportação de itens agropecuários de alto valor agregado, como Estados Unidos e alguns europeus, têm intensificado a produção de alimentos certificados, funcionais e processados, diante da saturação dos mercados de commodities, que veem margens de lucro menores por unidade de produto e, por vezes, com grandes oscilações de preços. Com forte tradição agropecuária, a região tem condições para dar este salto de qualidade, mas para isso tem de resolver alguns problemas.

Para Valverde, a chave está na geração de tecnologia aplicada, além da capacitação empresarial e de mão de obra. Embora reconhecido por seu desenvolvimento, o Sul, como o resto do País, ainda não conseguiu traduzir ciência em tecnologia, diz. O Brasil é o 17.º maior gerador de ciência do mundo, mas está em 80.º lugar na geração de tecnologia. Não temos a tradição de passar de uma coisa à outra, mas temos de resolver isso, porque o mundo está indo nessa direção.

Nas palavras do diretor da Organização das Cooperativas do Paraná (Ocepar), José Roberto Ricken, tem de investir acima do pescoço. Cerca de 80% da população do campo tem baixa instrução.

Valverde cita dados da Fundação Anísio Teixeira, que mostram que no Sul a média de proficiência em Português e Matemática mal chega a cinco, numa escala de zero a dez. Educação é a chave da produtividade e é um dos fatores que fazem o Sul derrapar.

Enquanto a educação não melhora, Valverde identifica nos chamados arranjos produtivos locais, ou clusters, uma opção para ajudar especialmente pequenos e médios produtores, que são maioria no Sul, a agregar valor via apoio tecnológico e mercadológico. No Paraná há cerca de 20 arranjos produtivos locais de sucesso.

Ele cita o caso da cidade de Cianorte, no Paraná, que depois de quase quebrar com o declínio do café, encontrou na indústria têxtil o caminho para uma economia sustentável. Há também o exemplo dos sofisticados polos moveleiros no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina, que exportam parte do que produzem. Mas, fora deles, de 70% a 80% da produção não tem design nem acabamento de qualidade, segundo o professor da PUC. O desafio é tornar os poucos e localizados avanços em uma política de produção generalizada.

Entre as iniciativas, Valverde lembra a da família do empresário catarinense Raul Anselmo Randon, a mesma da marca de autopeças e carrocerias, que desde 1997 fabrica um queijo do tipo grana, típico da região da Padânia, na Itália. Eles estimularam os laticínios a produzir um leite com determinado teor de gordura, trouxeram mestres italianos para aprimorar a técnica de produção e criaram uma linha de queijos que não existia no País.

Ricken, da Ocepar, também defende ganho de eficiência em outras áreas, como a redução do chamado custo Brasil, que no Sul corrói 36% do valor dos produtos, com destaque para os problemas logísticos. No Paraná, gastamos 37% do valor do calcário só em pedágios entre Rio Grande e Cascavel.

Agregar valor também reduziria disparidades regionais, fortes nos Estados, apesar da boa qualidade de vida e economia forte. O crescimento médio do Sul (3,2% ao ano) nos últimos 12 anos mascara uma realidade menos agradável em algumas áreas.

O professor da PUC lista mais de 200 municípios do Paraná, dos cerca de 400 do Estado, com Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) abaixo da média do País. Hoje o interior do Paraná concorre com 30% do PIB do Estado, ante 65% da região metropolitana de Curitiba. Há 30 anos era o contrário. No Rio Grande do Sul ocorre algo parecido.

domingo, 9 de maio de 2010

Agronegócio se divide entre Serra e Dilma

Presidenciáveis tentam mostrar intimidade com o setor de olho no eleitorado que responde por um quarto do Produto Interno Bruto



Os dois principais pré-candidatos à Presidência, José Serra (PSDB) e Dilma Rousseff (PT), cumpriram nos últimos dias uma intensa agenda no mundo do agronegócio. Procuraram mostrar intimidade com o setor e apresentar propostas capazes de atender às demandas dos produtores. Essa não é, porém, uma tarefa fácil para os dois - nem para qualquer outro candidato.

Ao contrário do que parece à primeira vista, existem expectativas bem distintas neste setor, que responde por cerca de um quarto do Produto Interno Bruto e garante, há alguns anos, que a balança comercial feche no azul. A insegurança jurídica no campo, que envolve questões relacionadas a leis ambientais e trabalhistas e até mesmo a propriedade da terra, é um tema muito presente nos encontros com agricultores e pecuaristas das regiões Sudeste e Sul do País.

No meio dos produtores do Centro-Oeste e das regiões de fronteira agrícola, ao Norte do País, porém, o foco principal das conversas continua sendo a falta de logística, que encarece custos e reduz a competitividade brasileira no exterior.

Isso faz com que o tucano e a petista, que visitaram há pouco as principais feiras agropecuárias do País, a Agrishow em Ribeirão Preto (SP) e a Expozebu em Uberaba (MG), sejam avaliados de maneira distinta, de acordo com a região do País. Em São Paulo, o produtor de café e pecuarista Luiz Hafers, ex-presidente da Sociedade Rural Brasileira, considerou positiva a atuação de Serra em relação ao agronegócio, durante o governo estadual, por três razões, listadas por ele nessa ordem: Cumpriu com rigor a lei no caso de invasões de terras, fez estradas vicinais e se declara contrário à política de valorização do real que afeta a competitividade do agronegócio exportador.

Receptividade. Já nas áreas de fronteira agrícola do Centro-Oeste, onde os produtores enfrentam problemas maiores de infraestrutura e o endividamento é alto, verifica-se maior receptividade à política atual do governo federal. Quem capitaliza isso é a candidata indicada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que foi ministra de Minas e Energia e é apresentada como a mãe do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).

Dilma entende de logística, afirma Eraí Maggi Scheffer, de Rondonópolis (MT), um dos maiores produtores de grãos do País. Na opinião de agricultores da região, boa parte das obras de infraestrutura que começaram a andar no Centro-Oeste têm a mão da pré candidata.

No Sul e Sudeste, regiões mais bem servidas em termos de infraestrutura e com menores custos de logística, ouve-se com maior frequência comentários de preocupação em relação ao passado da ex-ministra, quando era ligada à esquerda radical. Dilma preocupa mais, embora o atual governo tenha ajudado a agricultura familiar, afirma o produtor Ricardo Ghirghi, que cultiva 1,6 mil hectares no interior de São Paulo e 1 mil hectares com soja no Piauí.

A preocupação do produtor diz respeito às invasões do MST e à questão ambiental. Na opinião de Hafers, ambientalistas que são mais contrários ao capitalismo do que a favor do meio ambiente encontram maior receptividade na pré candidata.

Peregrinação. Isso explica o fato de Dilma estar realizando, desde antes de ser oficialmente apresentada como pré-candidata, verdadeira peregrinação pelas regiões onde a agricultura e pecuária estão consolidadas. Em junho do ano passado, quando o presidente Luiz Inácio Lula da Silva apresentou em Londrina, região tradicional de grãos do norte do Paraná, o plano de safra 2009/2010, a melhor parte do pacote, que era o aumento no volume de crédito, não foi anunciada nem pelo presidente Lula nem pelo ministro da agricultura Reinhold Stephanes.

Foi a então ministra chefe da Casa Civil que deu a boa nova. Ela anunciou aumento de 37% no crédito (R$ 107,5 bilhões) destinado à agricultura empresarial e familiar.

Rogério Baggio, que tem 5 mil hectares em Paranavaí (PR) ocupados com soja, milho, laranja, pecuária e Cana-de-açúcar, diz que cada pré candidato tem de mostrar seu plano. Para ele, o mais importante é a redução de tributos: Quero saber qual imposto eles vão diminuir.

O presidente da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica), Marcos Sawaya Jank, observa que, nos últimos 20 anos, houve uma mudança radical nas principais reivindicações do agronegócio. Antes tudo se resumia a crédito, preço mínimo e política de intervenção do governo, lembra. Hoje, o maior problema seria a insegurança jurídica, segundo a análise de Jank.

Uma das principais preocupações do setor envolve o Código Florestal - especialmente a questão das reservas florestais que devem ser obrigatoriamente mantidas nas propriedades, sob pena de multas aplicadas diariamente. Elaborada na década de 30, a lei determina que os agricultores devem recompor a vegetação nativa em 20% da área de cada propriedade agrícola.

A interpretação retroativa que vem sendo dada à reserva legal tem o potencial de comprometer 3,7 milhões de hectares de terras férteis cultivadas há mais de um século no território paulista, representando perdas de receita de R$ 5,6 bilhões ao ano e aumentos exponenciais nos custos de produção e no preço da terra, diz Jank.

Segundo o presidente da Unica, Serra tem dito que vai resolver esse problema em seis meses e Dilma ainda não se posicionou sobre a questão


quinta-feira, 6 de maio de 2010

Insegurança jurídica é principal ameaça

A falta de segurança jurídica é um dos fatores que ameaçam o desenvolvimento do agronegócio brasileiro, conforme apontaram participantes do Fórum Estadão Regiões Centro-Oeste. Esse quadro é agravado tanto pelas invasões promovidas pelo Movimento dos Trabalhadores rurais Sem-Terra (MST) quanto pelas dificuldades impostas pela burocracia estatal, como é o caso da área ambiental.

Existem as invasões do MST e as invasões de canetas Montblanc, com as instruções normativas e os decretos dos ministros, define a senadora Kátia Abreu (DEM/Tocantins), também presidente da Confederação da agricultura e Pecuária do Brasil (CNA).

Segundo ela, há uma relativização do direito de propriedade no Brasil. Relativização que às vezes vem disfarçada de ambientalistas, sem-terra, índios e negros, com a destruição do nosso desejo de paz e tranquilidade.

A senadora chamou a atenção para as invasões do chamado Abril Vermelho, promovidas pelo MST, que, segundo ela, têm o apoio de setores do governo federal. Ela lembrou que 84 milhões de hectares já estão à disposição da reforma agrária e as invasões são feitas apenas com objetivos políticos e ideológicos.

Kátia Abreu acrescentou que não há recursos no Orçamento para cumprir as metas de assentamento do governo, de 90 mil famílias, e o não cumprimento pune os produtores rurais.

A senadora criticou ainda a existência de duas estruturas para cuidar do setor no País, dividindo o País em duas agriculturas, lembrando que o Ministério do Desenvolvimento Agrário tem verba superior ao do Ministério da agricultura.

A presidente da entidade ruralista apontou dificuldades criadas pelo excesso de regulações, como as da área ambiental, que, segundo ela, são geradas propositalmente como forma de castigo para o produtor rural.

Kátia Abreu salientou que todas as dificuldades provocadas por questões regulatórias e de infraestrutura acabam afetando toda a sociedade. Quanto mais caro o produto chegar às gôndolas, mais alto será o preço para o consumidor, O maior prejudicado é o trabalhador.

Outro exemplo de visão equivocada do governo seria a construção de trecho da rodovia BR-242 em áreas de reserva indígena que, segundo a senadora, teria apoio dos próprios índios, mas enfrenta resistências da Funai e do Incra. A estrada ajudaria a escoar a produção, e os índios, que hoje vivem com dificuldades financeira, poderiam se beneficiar da cobrança de pedágio.

Achismo. O ex-ministro da agricultura Allyson Paulinelli também avaliou que a questão ambiental é tratada no País com visão ideológica e sem embasamento científico. O achismo deve sair e dar lugar à ciência.

Paulinelli citou as críticas à agricultura do Cerrado do Centro-Oeste. Segundo ele, o Cerrado com o cultivo da soja e do milho é muito menos degradado do que o Cerrado original, afetado pelas queimadas realizadas por índios, para facilitar a caça. O Cerrado cultivado tem todas condições de atender a todas às exigências ambientais.

O ex-ministro lembrou do caso dos transgênicos, que sofriam alto grau de rejeição e, hoje, seriam rejeitados apenas por uma minoria, após pesquisas que não detectaram os efeitos nocivos apregoados por ambientalistas.

Pelo fim da distinção entre as agriculturas

Posicionamento da presidente da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), senadora Kátia Abreu (DEM-TO), promete reacender polêmica no campo. Ao divulgar novo estudo do segmento, ontem, a dirigente partiu em defesa do fim da distinção criada entre a agricultura empresarial e a familiar.

E mais. A senadora contestou as análises que apontam aumento na concentração de terras no Brasil.

Não é (nosso) objetivo causar conflito entre os dois tipos de agricultura. Não pode haver a agricultura do mal e a do bem afirmou.

A ideia é caminhar no sentido de garantir renda para todos que estão no campo acrescentou.

A CNA divulgou dados do estudo Quem Produz o que no Campo: Quanto e Onde, feito por uma pesquisadora da Fundação Getulio Vargas (FGV). O levantamento contesta as avaliações do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) feitas a partir do resultado do Censo Agro 2006, divulgado no ano passado, sobre a área agrícola. De acordo com o estudo da FGV, a agricultura familiar representa 22,9% do valor bruto da produção. Na avaliação do IBGE, soma 38%.

O ministro do Desenvolvimento Agrário, Guilherme Cassel, criticou o estudo apresentado pela CNA.

O que a confederação fez ao apresentar esse estudo foi recortar parte da agricultura familiar, sem nenhum critério, e daí tirar conclusões.

 

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